Homenagem à Ambrósio Miorim Netto
Meu pai pertenceu a uma outra época, uma época em que filhos de pais viúvos novamente casados eram internados em seminários de padres para que a nova família florescesse. Um época em que meninos de 15 anos fugiam de seminários de padres no interior do Rio Grande do Sul para capital no Rio de Janeiro, falsificavam a idade e entravam no exército para seguir Getúlio Vargas.
Época em que alunos militares se revoltavam para ir à revolução.
Uma época que se acreditava em ideais, em Astronautas Deuses, em novas oportunidades, uma época que se construíam Pontes Pensis, Fortes para proteger portos, quando as pessoas tomavam café da manhã com farinha e café preto e banana, se apaixonavam e tinham filhos. Tudo era um novo mundo, um mundo onde gente estudava e passava a vida sonhando e contribuir para a ciência humana com apenas sua inteligência e imaginação, quando a tecnologia era um telefone fixo para atender centenas de pessoas.
Meu pai escrevei esse livro porque o conhecimento que havia acumuluado exigia transbordar, mesmo sabendo que muitas mudanças tecnológicas colocariam em cheque ou tornariam todo seu conhecimento, acumuldado por décadas, pouco perto do que a internet, ainda iniciante, estava sinalizando trazer.
Por isso, este livro não é apenas um marco na minha família, um esforço do nosso pai para ajudar a humanidade, ainda que pequeno. Mas é uma homenagem do nosso pai à imaginação, à criatividade, ao esforço do homem comum, que longe dos grandes centros acadêmicos de estudo tem apenas a si e sua esperança, sua Gigantesca Esperança, de contribuir para o Bem da Humanidade.
Abaixo, transcrevo um pequeno trecho do prologo do livro, que demonstra o que quis dizer acima, sobre nosso pai.
“…
PRÓLOGO
Na minha velha Alegrete (RS), às margens do Ibirapuitan, onde nasci, parece existir mais estrelas no céu que em qualquer parte do mundo. Nas noites negras sem luar, milhares de astros brilharam nos confins do infinito e alguns caem riscando o firmamento, mais tarde, fiquei sabendo tratarem-se de pequenos meteoritos que se inflamam ao entrar em contato com a nossa atmosfera, então perguntei ao meu velho professor Hilário, o que era o Universo e obtive a seguinte resposta: “Guri, não te metas nessas coisas; são mistérios de Deus e só a Ele interessa conhecer” — o que me arrefeceu os primeiros impulsos, mas logo comecei a ler tudo que me caía às mãos sobre o Cosmos e, na minha infinita pequenez, comparada a um minúsculo grão de areia perdido entre quantidades inimagináveis que cobrem as praias, conclui: não há astrofísico ou cientista capaz de desvendar os mistérios eternos do Universo e quiçá do firmamento — e deduzi ‘o que representa para a humanidade vindoura, nossa existência se nada deixarmos para a posteridade? E temos que aplicar a nós, a sentença popular: Nada descobrimos, passamos pela vida e não vivemos.
Com a finalidade de estudar o Universo, visitei várias bibliotecas das capitais de alguns estados, de cidades importantes e as livrarias do ramo. Adquiri as obras que me interessavam, colecionei revistas e jornais e o resultado é esta semente que estou lançando ao solo fértil da mente humana. Espero que outros seres cientistas ou curiosos como nós dêem continuidade ao que está aqui relatado.
Não disponho de observatório, nem de telescópio. Sou um teórico; mas tenho dentro de mim um forte espírito de investigação e compreensão do que leio, observo e analiso, assumi com meu ego o compromisso de transmitir as gerações futuras, o que concluí, li e aprendi nesta longa caminhada de mais de meio século.